O melhor momento para começar teria sido há 10 anos atrás. O segundo melhor momento é agora.
Não você não perdeu o trem. Não a festa não acabou (ela está só começando). E por fim, e não menos importante, não a IA não vai roubar isso de você. Eu explico todos os porquês abaixo.
Content is still king. E a base de tudo é a escrita.
Uma vez eu vi um vídeo do Pedro Damásio (um dos pioneiros do digital que ainda está na ativa e ainda está nos topos) dizendo que a maneira mais fácil de vender para gente burra é dizer que o que funcionava há 5 anos atrás não funciona mais.
A verdade é que os princípios e bases são os mesmos há muito tempo. Muito antes do Marketing Digital existiam as cartas de vendas, existiam vendedores de porta em porta, existiam lojas de carros usados. E o que distinguia os bons vendedores dos ruins continua sendo a mesma coisa.
Você não precisa de um novo hack. Você precisa de estudar a base e conseguir aplica-la. A distância entre o saber e a aplicação está na clareza da sua mente. A falta de clareza te leva a todo um stress que poderia ter sido evitado.
A habilidade que te faz pensar com clareza
Meu orientador no mestrado dizia, sempre que eu começava a ter muitas ideias em todas as direções “não existe ideia na cabeça, só existe ideia no papel”. Ele estava certo. Se eu continuasse tendo ideia atrás de ideia não ia sair trabalho algum. Se você não escreve, suas ideias não existem de verdade. Elas ficam flutuando no vazio e lá parecem perfeitas.
As ideias que estão no ar parecem perfeitas porque não tem nenhum compromisso com a realidade.
Se você escreve suas ideias consegue manusea-las, rearranja-las e realmente separar o joio do trigo, o que é muito difícil de fazer somente na sua cabeça. Assim, você pode retirar as ideias medianas como ervas daninhas e manter apenas um belo jardim de ideias boas que florescem.
A primeira pessoa que vai se beneficiar com seu hábito da escrita será você mesmo. Com essas boas ideias você pode começar a criar conteúdo.
Porque escrever é melhor do que não escrever
Independente da sua área, você vai precisar falar do seu trabalho. E quanto melhor você souber falar sobre isso melhor você vai se sair. Seja para criar conteúdo, escrever artigos acadêmicos ou simplesmente verbalizar suas ideias.
Se você fosse convidado a dar um curso de seis meses em uma faculdade de renome (ou mesmo dar um pequeno curso para um grupo de amigos), você simplesmente chegaria no primeiro dia de aula e começaria a falar? O mais provável é que não. O mais provável é que você fosse se planejar. E esse planejamento seria escrito.
Posts, artigos, roteiros, ebooks – tudo começa com a escrita. Isso facilita a produção de conteúdo para redes sociais e marketing.
As ideias mudam o mundo, principalmente quando são escritas. Os romanos construíram edifícios, e os romanos e os edifícios se foram. Os judeus escreveram um livro e os judeus ainda estão aqui, e o livro também. Portanto, as palavras podem durar mais do que pedra e ter mais impacto do que impérios inteiros.
Peterson, J – GUIA DE ESCRITA
Se em um primeiro nível você foi o principal beneficiário, agora você começa a contribuir para outras pessoas. Seus leitores, sua audiência e até mesmo a sociedade.
Tá, mas e a IA? por que eu vou ficar escrevendo se ela pode fazer isso melhor do que eu?
Eu tenho muito a dizer sobre isso. Farei mais posts sobre isso no futuro, mas por enquanto vamos de ideias gerais.
Em primeiro lugar, você só vai conseguir delegar de forma minimamente satisfatória para alguma IA quando você tiver clareza. E essa clareza virá com a sua proficiência. Que por sua vez virá escrevendo.
Além disso, o que você realmente precisa fazer hoje é colocar uma personalidade autêntica sua na sua escrita, por mais que tenha – e deve ter – muitas referências. A sua costura é o que realmente vai fazer a diferença e trazer autenticidade para seu texto. Aqui que realmente nasce a conexão com as pessoas.
“UMA COISA QUE realmente não existe é aquilo a que se dá o nome de Arte. Existem somente artistas.”
GOMBRICH, E. H – A Historia da Arte
Enquanto IA trabalha em cima do que já foi feito, ainda está nas nossas mãos criar as coisas realmente novas.
Por fim, delegar tudo para IA logo de cara vai te deixar totalmente dependente. Você quer alguma autonomia, mesmo que possa usar ela como ferramenta. Assim se você quiser, digamos, trocar de ferramenta, o fundamental – que é a sua cabeça e a sua personalidade – você ainda tem.
Ok. Me convenceu. Como começo?
Criando um relicário de conteúdo e um segundo cérebro (também pretendo escrever um texto somente sobre isso, mas para começar já vou dar um guia).
Você pode começar com um diário de bordo.
Um diário de bordo tem esse nome porque na época das navegações não tinha internet, gps, nem os relógios funcionavam dentro do navio, perdiam a precisão devido ao balanço do barco. Então um diário de bordo acompanhava o progresso da viagem.
Hoje você pode utilizar essa técnica para saber o progresso da sua viagem em direção a um novo conhecimento, a uma realização de um projeto, ao autoconhecimento, a carreira dos seus sonhos, enfim, tudo. Não existe nada mais autêntico do que a sua própria jornada.
Colecione muitas referências.
Não pense que você está fazendo pesquisa. Apenas se comporte como um buscador. Sempre que algo atrair seu olhar, guarde em algum arquivo de referências. E, se possível, busque as referências das suas referências. Quem inspira as pessoas que você admira?
Com o tempo você vai fazer boas colagens e adicionar seu ponto de vista àquilo que já foi feito.
Escreva o livro que você gostaria de ler.
Fale um pouco sobre o que você pensa mas que não encontra tantas referências assim. Ou comente algo que você viu e que te fez refletir.
E lembre-se do mais importante: Feito é melhor que perfeito. Você vai ter a oportunidade de se aprimorar com o tempo. O pior é não fazer.
No mesmo artigo que eu citei ali em cima, Jordan Peterson diz que “zero é o buraco negro dos números”, porque as pessoas falham mais por não tentar do que por tentativas ruins. Ter algo para lapidar é muito mais importante do que começar pelo topo.
O movimento do zero para o 1 é muito mais trabalhoso do que do 1 para o 10. Comece.